miércoles, 14 de agosto de 2013



Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim


Imagem aérea da Ilha de Anhatomirim


Começamos a partir de hoje uma sequência de posts que tratam a respeito das fortalezas que circundam a Ilha de Santa Catarina/Florianópolis. Neste post contaremos a história da Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ou simplesmente Fortaleza de Anhatomirim, como popularmente é conhecida.

Está situada na Ilha de Anhatomirim, "ilha pequena do diabo" em língua tupi, na barra norte do canal da ilha de Santa Catarina, município de Governador Celso Ramos, no litoral do Estado de Santa Catarina, Brasil.

Projetada e construída pelo brigadeiro José da Silva Pais, primeiro governador da Capitania de Santa Catarina (1739 - 1745), a Fortaleza de Anhatomirim foi o vértice inicial do triângulo defensivo da barra da baía norte da ilha, integrado pela Fortaleza de São José da Ponta Grossa e pela Fortaleza de Santo Antônio de ratones, iniciadas em 1740. Este sistema defensivo foi completado pela Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição de Araçatuba, na barra da baía sul, iniciada em 1742. Juntas, tinham a função de proteger a Ilha de Santa Catarina, consolidando a ocupação do sul do Brasil e atuando como base estratégica para a manutenção do domínio português sobre a Colônia do Sacramento.

Por determinação do Marquês De Pombal (1750 — 1777), o governador e capitão general da Capitania do rio de Janeiro, Gomes Freire de Andrade (1733 — 1763), enviou, em 1760, o tenete coronel José Custódio de Sá e Faria, do Real Corpo de Engenheiros, para fazer um levantamento das defesas da ilha de Santa Catarina, erguidas pelo brigadeiro José da Silva Pais. Como nas demais fortificações da região, este oficial procedeu-lhe pequenos reparos e reforço na artilharia, tendo recebido na ocasião "carretame, palamenta, pólvora, balas e petrechos para fazerem uma vigorosa defensa nos casos de surpresas ou ataques".

Entre as funções da fortificação, no período, encontrava-se a de controle do movimento de embarcações que adentrassem a Baía Norte. Ao identificar a aproximação de embarcações de bandeira estrangeira, o comandante da fortaleza ordenava o disparo de salvas de artilharia, sinalizando-se com bandeiras, saudando e comunicando aos capitães que deveriam aguardar autorização para fundear e proceder ao desembarque.

Durante a Revolução Federalista (1892 — 1895) contra o governo do presidente da República, o marechal Floriano Peixoto (1891 — 1894), a fortaleza foi ocupada pelos rebeldes da Armada (1893 — 1894). Nas suas dependências foram montados, na ocasião, dois canhões raiados de calibre 70, para a defesa contra a esquadra legalista. Após o combate naval de abril de 1894, a revolta foi sufocada em Santa Catarina.

Neste último quartel do século XIX, a Fortaleza de Anhatomirim atendia à vigilância sanitária, não só controlando o tráfico de embarcações, mas servindo também como quarentena aos doentes. As instruções quanto à inspeção de saúde eram rígidas, e os portos de Laguna, Itajaí e São Francisco do Sul, além do de Desterro, estavam impedidos de receber embarcações procedentes de portos infestados de febre amarela ou qualquer outro tipo de epidemia, fazendo-os ir fundear defronte à Fortaleza de Anhatomirim, onde eram desembarcados cargas, passageiros e bagagens.
Defronte da Fortaleza fundeavam ainda as embarcações da frota, vindas do Rio de Janeiro no Verão, a fim de fugirem às epidemias que recrudesciam na capital naquela época do ano, aproveitando para fazer exercícios navais. Os militares dispunham do Hospital ou Enfermaria Militar e tinham um contingente específico da área da saúde, o chamado Corpo de Enfermeiros.

À época da Primeira Guerra Mundial (1914-18) passou a ser guarnecida por contigentes de Marinheiros Nacionais (1916-1926), tendo recebido parte da artilharia do Cruzador Tamandaré, desativado em 1915: quatro canhões de 152 mm, dois de 72 mm e quatro de 47 mm. Recebeu ainda uma Estação Radiotelegráfica, alimentada por um Gerador Elétrico instalado em edificação própria (1917) (GARRIDO, 1940:141). Foi novamente utilizada como prisão política no desfecho da Revolução Constitucionalista de 1932. No ano seguinte voltou a ser guarnecida por uma Companhia de Fuzileiros Navais, sob o comando do 1º Tenente Matias Leite Torres, sucedido pelo Capitão-tenente José da Silva Pontes Lins (jan/1935-abr/1936) (GARRIDO, 1940:141).

Desarmada e desativada em 1937, no ano seguinte apresentando vários edifícios arruinados e outros bastantes descaracterizados, o conjunto foi tombado como "Monumento Histórico Nacional", pelo então recém-criado Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - atual IPHAN.

No contexto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), foi reocupada militarmente, recebendo armamento, para ser novamente desativada ao final do conflito de vez que as novas tecnologias tornaram-na definitivamente obsoleta como unidade militar. Face à existência de um farolete de sinalização marítima na ilha, a Marinha manteve vigilância no local até à década de 1960, a partir de quando as instalações da fortaleza foram definitivamente abandonadas, passando a ser depredadas pelas populações vizinhas.

Somente no início da década de 1970, alguns edifícios da fortaleza sofreram as primeiras intervenções do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, dando sequência ao processo de redescoberta das fortificações militares catarinenses, iniciado com a recuperação pioneira do Forte de Santana.

A partir de 1979, os trabalhos se intensificaram, graças a um convênio assinado entre a Universidade Federal de Santa Catarina, o Ministério da Marinha, e a Subsecretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, com o objetivo de restauração do patrimônio e sua utilização como Centro de Pesquisa das Ciências do Mar. Por ele a UFSC assumiu a guarda e tutela da ilha de Anhatomirim e seu conjunto de edificações, acelerando os trabalhos de restauração das ruínas históricas, promovendo estudos de infra-estrutura e logística para a ilha, e instalando os equipamentos necessários ao desenvolvimento de projetos de interesse cultural e científico, programas de extensão, especialmente turismo educativo.

Com isso tornou-se possível, a partir de 1984, a abertura do conjunto da ilha à visitação pública, estando totalmente recuperados o antigo Armazém da Pólvora (abrigando a Memória da Restauração), o Pórtico, o Quartel do Comandante, o Paiol de Pólvora (abrigando o aquário), o Quartel da Tropa, as muralhas, as guaritas, e gramadas as áreas do terrapleno e adjacências, além de ter sido construído um novo cais, em taboado. Finalmente, entre 1988 e 1990, no âmbito do projeto "Fortalezas da Ilha de Santa Catarina - 250 anos na História Brasileira", a Fortaleza de Anhatomirim teve os seus últimos edifícios restaurados. Após pouco mais de duas décadas de trabalhos de limpeza e manutenção, pesquisas, consolidação, restauro e revitalização, a UFSC (que também gerencia a Fortaleza de Ratones, a da Ponta Grossa com a Bateria de São Caetano, e a de Araçatuba), desenvolve atualmente na Ilha de Anhatomirim atividades de cultura, pesquisa e extensão, e turismo cultural para um público superior a 133 mil visitantes anuais.

Quartel do Comandante

Horário de Funcionamento
Fora da temporada (de abril a novembro)
Diariamente das 9h às 17h.

Na temporada (de dezembro a março)
Diariamente das 9h às 19h. As embarcações poderão atracar na ilha até as 18h.

Ingresso: R$ 8,00 para a comunidade e R$ 4,00 para estudantes com identificação.
Ingresso duplo (visita à Ratones e Anhatomirim): R$ 10,00 para a comunidade e R$ 5 para estudantes com identificação.

Foto: Divulgação
Fonte: GuiaFloripa, Wikipedia.

No hay comentarios:

Publicar un comentario